Minha história com o Cubo Mágico

Tive um Cubo Mágico no início dos anos 80, conseguia resolver um lado, mas não passava disso. Como toda boa criança, um dia cansei de tentar e não conseguir montar todas as cores, então desisti. Em 2005, ouvi dizer que uma das provas de uma gincana era resolver o cubo em menos de 6 minutos, e 3 pessoas conseguiram!

Uma semana antes desta gincana, cada uma das 6 equipes elegeu um representante para receber e cumprir uma prova surpresa pela equipe. A prova que foi dada para essas 6 pessoas era que elas teriam uma semana para aprender a resolver o cubo mágico e no dia da gincana elas receberiam um cubo embaralhado para resolver em menos de 6 minutos. Fiquei sabendo da prova e que 3 pessoas tinham conseguido.

Bom, se tem gente que consegue aprender em uma semana a resolver o Cubo Mágico em 6 minutos, por que eu não aprenderia?

Procurei na internet, mas não achei muita coisa, somente sites estrangeiros e confesso que achei as explicações meio complicadas, cheia de fórmulas e parece que daria bastante trabalho para aprender. Eu não estava tão motivado assim. Cheguei a comprar um daqueles cubos de R$ 1,99, mas acabou ficando encostado por umas semanas. Até que um ex-aluno meu do cursinho, que agora era meu colega na faculdade de matemática, disse-me que tinha aprendido a resolver o tal cubo mágico. Ele disse que ia me ensinar se eu quisesse e que era fácil! Aí me animei, e um dia o encontrei no corredor, ele estava com o cubo dele, fomos até o centro acadêmico e ele me deu umas primeiras dicas. Depois de uns 20 minutos ele tinha me explicado a idéia do método das camadas e para isso tinha me mostrado um algoritmo para montar as peças chamadas “meios” e mais dois algoritmos para montar os cantos da última camada.

Eu entendi tudo e quando cheguei em casa fui logo montar. Claro que não consegui na primeira, já tinha esquecido todos os algoritmos. Tive que desmontar o cubo várias vezes, arrancar todas as peças mesmo, e remontar ele corretamente para fazer os algoritmos e ver o que acontecia ao executar cada um. A primeira vez que consegui montar o cubo, levei 50 minutos! Mas montei, e isso era incrível! Eu tinha certeza que era impossível montar aquilo.

Era muito difícil montar só com aqueles 3 algoritmos. Só tinha um para mexer as peças do meio, mas continuei porque sabia que era possível montar em 6 minutos. Nas primeiras vezes demorava uns 40 minutos, com o tempo fui entendendo melhor o que acontecia com as peças após executar cada algoritmo e pegando uns macetes para cada caso logo eu estava resolvendo em 10 minutos. Já dava pra resolver mais de uma vez por dia e treinando mais cheguei nos sonhados 6 minutos até que rápido, em alguns dias. Daí pra frente foi difícil melhorar. Até que finalmente resolvi procurar por ajuda de novo na internet e agora era mais fácil de entender aquelas coisas todas porque eu tinha uma idéia melhor do cubo. Descobri então o método de Fridrich e comecei a aprender alguns algoritmos mais diretos e mais rápidos para alguns casos chatos que apareciam de vez em quando. Comecei pelos casos que eu achava que davam mais trabalho.

Nunca achei que ia aprender aqueles 119 algoritmos para todos os casos do método completo, era muita coisa, ninguém devia ser doido o suficiente pra aprender aquilo, parecia algo só mais teórico mesmo. 2 anos depois eu sabia todos e para alguns casos eu sabia mais de um jeito. Isso eu chamo de vício.

Encontrei mais brasileiros que resolviam, que sabiam algoritmos melhores, que tinham sites e eram mais viciados do que eu! Cheguei a desenvolver um programa em C para embaralhar o cubo aleatoriamente com um cronômetro junto para facilitar a marcar os tempos e tirar médias. Só depois fui descobrir que já existia tudo isso (cronômetro e embaralhador) e inclusive que havia outros tipos de cubos e outros quebra-cabeças semelhantes que não eram cúbicos.

Assim fui só piorando, inventei novos desafios, resolvi fazer com uma mão só, depois com os pés e parecia que não tinha mais o que inventar também. Até que descobri que tinha gente que resolvia o cubo sem olhar! Isso sim era impossível pra mim. Agora que eu sabia resolver, eu podia afirmar com propriedade que sem olhar era impossível. Procurei saber e descobri que tinha gente que fazia mesmo e nos campeonatos (é, tinha campeonatos!) existia essa modalidade. Tinha gente que fazia mais rápido sem ver do que eu olhando.
Procurei mais um pouco e vi que era possível, e lógico que quis aprender. Demorei uns dias pra aprender tudo e quando consegui pela primeira vez sem olhar, levei uns 15 minutos, já era 1 da manhã e aí não conseguia mais dormir.

Isso não foi o pior. Quando aprendi a resolver sem olhar, descobri algo ainda pior: tinha gente que resolvia mais de um cubo sem olhar! Como assim? Isso mesmo, a categoria chamava-se “multi-vendado” o cara olhava 2 cubos por exemplo, decorava os 2, era vendado e resolvia os 2 direto, sem olhar, só tirando a venda depois que os 2 estavam prontos. E sabe quanto era o recorde mundial? 5 cubos. Mentira! Não podia ser! E tanto era que depois de alguns meses um cara bateu o recorde mundial e resolveu 8 cubos sem olhar! Esse mesmo cara bateu seu recorde pouco depois, resolvendo 15 cubos sem olhar. Tudo bem, ele roubou, estava olhando por debaixo da venda. Mas depois de algum tempo vieram outros que bateram esse recorde legalmente, seguindo a nova regra onde não tinha como roubar, e o recordista conseguiu resolver 24 cubos sem olhar em menos de 3 horas, contando o tempo que ele passou decorando os cubos. Eita falta do que fazer…

Essa é a minha história com o cubo, desde 2005 aprendi muita coisa, diversas modalidades, cubos de vários tamanhos, participei de vários campeonatos, fiz muitos amigos e conheci outras pessoas diferentes iguais a mim. Participo ativamente de um fórum de cubo mágico brasileiro onde todos, ou quase todos, os cubistas brasileiros se encontram, onde organizo competições semanais para as pessoas poderem ver como estão em relação aos outros brasileiros.

Já houve época em que eu treinava muito, mais de uma hora por dia. Hoje treino mais quando está próximo de um campeonato, aí acordo 1,5 ou 2 horas mais cedo e treino esse tempo antes de ir trabalhar. Minha modalidade preferida é resolver com os pés e essa procuro treinar sempre que posso. Já cheguei a ter a 2ª melhor média oficial do mundo com os pés! Quem sabe um dia ainda bato o recorde mundial num campeonato…

3 Comentários para “Minha história com o Cubo Mágico”

  1. eu achei sua hostoria muito imocionante cara eu aprendi muito c vc e prometo que vpu bater o recorde mudial de cubo magico 3×3

  2. Show de bola Rafael, alguns anos eu aprendi montar o cubo mágico 3×3 modo camadas e o jeito mais rápido, só faltou aprender o Método de Fridrich. Deixei pra lá e não peguei mais o cubo e foi quando meu filho de 10 anos quis aprender montar o cubo mágico que eu percebi que já não lembrava mais como resolver o cubo mágico.
    Fui direto pro seu site e bora aprender de novo, aprendi novamente o modo camadas e o modo mais rápido pra ensinar ele… O piá aprendeu montar o cubo mágico em dois dias! Agora vou ensinar o modo mais rápido pra ele e vou começar aprender o Fridrich.
    Já imprimi o seu PDF e partiu aprender essa bagaça!!!
    Abraço Rafael, me deseje sorte…

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